O título é obviamente provocativo, com o intuito de chamar a sua atenção. Dia lindo de sol em Natal e eu aqui trabalhando em um artigo que pretendo submeter logo. Não vou entrar em detalhes sobre o artigo mas está relacionado à evolução humana. Uma breve síntese dos últimos 7 milhões de anos da nossa espécie em poucas linhas. Surgimos a partir de um ancestral comum com os chimpanzés e bonobos. Entre aquele ancestral e nós, dezenas de espécies surgiram e desapareceram. A nossa espécie surgiu na África e a partir de lá conquistou o resto do planeta (pelo menos a parte terrestre). Houve várias migrações a partir da África nos últimos 200 mil anos e os humanos modernos, do ponto vista anatômico, migraram pela última vez ao redor de 50 mil anos atrás. Era um grupo pequeno, poucos milhares de indivíduos, que deu origem a toda população humana no planeta. Isso significa que que a diversidade genética dos nossos ancestrais era relativamente pequena (devido ao pequeno número de indivíduos).
Uma das descobertas mais sensacionais dos últimos anos é que estes nossos ancestrais provavelmente cruzaram (ou seja, tiveram sexo) com membros de espécies próximas, como os neandertais e os denisovans. Como o genoma dessas espécies já foi sequenciado, observou-se que o genoma humano possui várias regiões que tem a sua origem nessas espécies. Lendo a excelente revisão de Siddle e Quintana-Murci no Current Opinion in Genetics and Development (disponível aqui para assinantes), me deparo com uma especulação interessante dos autores. Eles argumentam que essa mistura genética entre os nossos ancestrais e os neandertais e denisovans serviu para restaurar um pouco a diversidade genética, diminuída pelo gargalo populacional que a nossa espécie sofreu na sua última saída da África.
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