terça-feira, 27 de maio de 2014
Tirem as crianças da frente do computador
Fêmeas de várias espécies do genêro Neotrogla (insetos) apresentam pênis, os quais são usados em penetrações que podem durar dias. Os machos da espécie apresentam um orgão parecido com uma vagina. O pênis das fêmeas é usado para coletar os espermatozóides produzidos pelos machos.
Em uma publicação na Current Biology*, os autores, entre eles o brasileiro Rodrigo Ferreira da Universidade Federal de Lavras, mostraram que características nas duas estruturas anatômicas são específicas de cada espécie. A imagem abaixo foi copiada do website da Current Biology.
As espécies vivem em cavernas brasileiras.
* Yoshizawa et al., Current Biology 24:1006-1010, 2014.
domingo, 25 de maio de 2014
Neurobiologia de plantas?
Algo errado no título do post? Afinal, sabemos que plantas não tem sistema nervoso (os primeiros neurônios surgiram com os cnidários). Mas alguns botânicos estão estudando como as plantas sentem e reagem de forma complexa a vários estímulos do ambiente. Um excelente artigo na Piauí de Maio assinado por Michael Pollan descreve essa nova e fascinante área de pesquisa (o artigo é uma tradução de um artigo que apareceu na New Yorker de Dezembro de 2013*). O assunto é obviamente controverso e vários botânicos mostram-se contrários aos estudos dessa área. Vou dar uma olhada na literatura e volto com mais novidades em breve.
* Pollan, M. Piauí, Maio de 2014, 92:63-70; Pollan, M. New Yorker, December 2013.
domingo, 18 de maio de 2014
Alejandro Zaffaroni (1923-2014)
Folheando a Nature de 10 de Abril, me deparei com o obituário de Alejandro Zaffaroni. Esse uruguaio pode ser considerado um dos pais da Biotecnologia. Fundou dezenas de empresas e desenvolveu produtos que usamos rotineiramente como os "patches" cutâneos e cápsulas de via oral. No final da década de 80, ele foi pioneiro na utilização das tecnologias de construção de chips de computação para o desenho de microarrays (microarranjos) para testes em larga escala de drogas. Fundou a Affymax para tal fim. Aproveitou o embalo e no começo da década de 90 ajudou a fundar a Affymetrix com seus microarranjos de DNA.
Em 1999 fui dar uma palestra em um evento em San Francisco, CA. Logo após o término da sessão fui abordado por esse senhor que se apresentou como Alejandro Zaffaroni (o conhecia de nome). Muito simpático, ele estava interessado em saber mais sobre a iniciativa de genômica no Brasil. Como um bom sul-americano, ele torcia para que a iniciativa desse certo e desencadeasse o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil.
Em 1999 fui dar uma palestra em um evento em San Francisco, CA. Logo após o término da sessão fui abordado por esse senhor que se apresentou como Alejandro Zaffaroni (o conhecia de nome). Muito simpático, ele estava interessado em saber mais sobre a iniciativa de genômica no Brasil. Como um bom sul-americano, ele torcia para que a iniciativa desse certo e desencadeasse o desenvolvimento da biotecnologia no Brasil.
Crise
A pesquisa biomédica americana passa por uma crise séria. Essa é a opinião de quatro pesquisadores americanos, incluindo Harold Varmus, prêmio Nobel de Medicina em 1989 (pela descoberta dos oncogenes), em um artigo na revista PNAS*.
O mais irônico é que a crise tem sua origem no sucesso da pesquisa biomédica americana. Ela é resultado de um excesso de competitividade. Ou seja, o sistema abriga um grande número de pesquisadores excelentes e não há dinheiro suficiente para financiar a pesquisa de todos. Até aí tudo bem, visto que a competitividade é sempre bem vinda. O problema nos EUA é que a situação chegou a um ponto extremo visto que os recursos não crescem mais no mesmo ritmo de antes. Enquanto o sistema continua a produzir excelentes pesquisadores, não há mais recursos para tanta gente. As consequências são trágicas: i) devido à alta taxa de insucesso, os pesquisadores passam mais e mais tempo escrevendo projetos e menos tempo estudando e fazendo experimentos, ii) um sistema super competitivo favorece os conservadores e diminui o número de pesquisas inovadoras e iii) há um declínio de pesquisa básica, a qual é crucial para alimentar o sistema com ideias e metodologias inovadoras.
Os autores sugerem algumas soluções. As principais são: i) aumentos pequenos e graduais do orçamento sob um plano de crescimento definido, ii) diminuição do número de estudantes que entram no sistema de doutorado, iii) mudanças radicais no sistema de concessão dos auxílios incluindo critérios mais rigorosos de avaliação e iv) revisão da questão dos "custos indiretos" (parcela dos auxílios que é dada aos centros de pesquisa para financiar a infraestrutura) permitindo um crescimento do sistema de forma mais sustentável.
O que podemos aprender com isso no Brasil? Honestamente, o dia em que tivermos esse tipo de problema eu vou estar rindo à toa.
* Alberts et al., PNAS 2014. (Disponível gratuitamente)
quinta-feira, 8 de maio de 2014
Carl Sagan ficaria extasiado
Assim como a arte, a ciência tem a capacidade de despertar emoções com coisas aparentemente simples, como uma imagem. Uma das fotos mais espetaculares foi tirada em 1989 por uma sonda espacial, a Voyager 1. A foto (abaixo) mostra um "pálido ponto azul", nada mais do que o nosso planeta a 6 bilhões de quilômetros. A foto inspirou Carl Sagan a escrever "Pálido ponto azul", uma das obras mais conhecidas de divulgação científica.
No excelente "Mensageiro Sideral", Salvador Nogueira indicou um site da NASA que mostra imagens da Terra ao vivo direto da Estação Espacial Internacional (ISS) . É simplesmente SENSACIONAL!
quinta-feira, 1 de maio de 2014
mais um Guinness recorde
Pesquisadores americanos registraram o mais profundo mergulho de um mamífero. A proeza foi de uma baleia-bicuda-de-cuvier (Ziphius cavirostris) que chegou a 2.992 metros de profundidade nas águas frias da costa da Califórnia. O paper descrevendo o feito saiu na revista Plos One*.
Um outro indivíduo do mesmo grupo estudado permaneceu em um mergulho por 137,5 minutos. Outro recorde!
E para começar bem o feriado, posto um vídeo da ONG "Great Whale Conservancy". Sensacional!
* Schor et al. (2014) Plos One 9: e92633.
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