segunda-feira, 25 de maio de 2015

9-to-5 job

Em busca de alguma outra coisa na internet, dei de cara com uma entrevista do meu mestre Walter "Wally" Gilbert. A sua última resposta é sensacional.

"QUESTION: What advice would you like to give to young scientists?
WG: Do not blindly believe whatever you read. I often used to give my students papers that said opposite things, and then tell them to explain me how they were consistent, if at all. Also, do not continue science if it does not excite you. Science cannot be a 9-to-5 job."
 
Pode ser saudosismo de quem está ficando velho, mas a minha impressão é que a maioria dos nossos estudantes atualmente veem a ciência como um "9-to-5 job".  Quais seriam as causas? Difícil achar uma resposta. Talvez uma política pública que esteja exigindo demais de um sistema formador de recursos humanos que na sua essência é medíocre. Ou talvez o aumento no número de bolsas no país nas últimas duas décadas, o que leva a um excesso de alunos medíocres que optam pela carreira pela garantia de um salário por 3-4 anos. Difícil....

A íntegra da entrevista está aqui.

Meet the Laureates of #LiNo15: @NobelPrize Winner Walter Gilbert http://t.co/jyhb0iyj3D Photo P.Badge @Harvard http://t.co/X7D1X7MTog

John Nash Jr, 1928-2015

Morreu sábado, em um acidente automobilístico, o grande matemático John Nash aos 86 anos de idade. Ele revolucionou a teoria do jogos com o equilíbrio de Nash, no qual nenhum dos jogadores pode aumentar seu ganho alterando sua estratégia de forma unilateral. A influência do seu trabalho transcende a matemática e a economia influenciando a biologia, entre outras áreas. Ele ganhou o Nobel de Economia em 1994.

Ele ficou ainda mais famoso depois do sucesso do filme "Uma mente brilhante", estrelado por Russel Crowe e Jennifer Connely, baseado no livro homônimo de Sylvia Nasar. Sua luta contra a esquizofrenia é retratada tanto no livro como no filme.

O seu obituário no New York Times mostra um link para a sua tese de doutorado, um documento de 27 páginas onde o equilíbrio de Nash é descrito.

 Resultado de imagem para john nash

segunda-feira, 4 de maio de 2015

mais uma bobagem criacionista, agora no RS

A deputada estadual Liziane Bayer (PSB) protocolou projeto na Assembleia do RS que obriga as escolas públicas e privadas daquele estado a ensinarem o criacionismo nas aulas de ciências. Deu no Zero Hora (veja a reportagem aqui).  A nobre deputada, pastora evangélica (surpresos?), veio com essa pérola - "A família gaúcha tem o direito de escolher se descende de um macaco ou outro bicho, ou se foi criada por Deus".
Prezada Liziane, em primeiro lugar a espécie humana não descende dos macacos (feliz?). Os homens e os macacos descendem de uma outra espécie (o tal ancestral comum), já extinta. Outra coisa, a família gaúcha não pode escolher se descende ou não dessa espécie visto que isso é uma FATO. O máximo que a família gaúcha pode fazer é ignorar esse FATO, algo que os seus eleitores provavelmente optaram por fazer ao elegê-la.
Mas calma....as más notícias não acabaram. A reportagem mostra a declaração do Sr. Bruno Eizerik, presidente do Sindicato do Ensino Privado do RS, que considerou o projeto um exagero mas...."Defendemos que sejam apresentadas para os alunos, em qualquer disciplina, todas as versões aceitas dos fatos. Não podemos ter uma escola única, com uma única verdade. Se nós concordamos ou não com o criacionismo, é outra questão. Se não tem aula de religião e o professor de ciências não trata desse assunto, fica devendo uma teoria, com a qual se pode concordar ou não". Versão aceita dos fatos? E o cara representa um conjunto de instituições educadoras. Se o tal Sindicato for uma instituição séria o Sr. Bruno vai estar procurando um outro emprego amanhã.
Felizmente o Zero Hora trouxe um pouco de luz ao assunto ao publicar a opinião do Prof. Fernando Becker da UFRGS: "[O criacionismo] É baseado em crença, não em evidência. Um total contrassenso, vai contra qualquer sentido científico. A escola tem por função trazer o conhecimento à população que de outra forma não teria como chegar aos resultados da ciência. É afronta à escola".
Venho tocando nesse ponto há tempos: o movimento criacionista começa a se movimentar de forma mais sistemática nos fóruns legislativos. Cabe aos cientistas, educadores e à parcela da população mais bem informada reagir.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Criacionismo nos EUA. Dado antigo, mas interessante

Tentando acabar um livro que estou escrevendo sobre o criacionismo ao nível global, me deparei com um ponto sobre uma pesquisa de opinião feita pelo Pew Research Center sobre a evolução/criacionismo há dois anos. O ponto refere-se a opinião de democratas e republicanos sobre o tema. Como vocês sabem, os republicanos são mais conservadores e fundamentalistas. Então espera-se um maior número de criacionistas entre eles. A figura abaixo mostra o dado, uma comparação entre 2009 e 2013. A pesquisa toda pode ser encontrada aqui (em inglês).

De fato, os republicanos são mais criacionistas do que os democratas. O mais curioso porém é que os republicanos tornaram-se mais criacionistas em 2013 (48% contra 39% em 2009). Uma possibilidade é que indivíduos posicionados mais ao centro dentro do espectro republicano e que declararam-se republicanos em 2009 passaram a se declarar como democratas em 2013. Esses eram e continuam sendo evolucionistas. Com o fortalecimento da direita religiosa e fundamentalista dentro do partido republicano, esse grupo de centro, menos teocrático, simplesmente mudou de lado.