A deputada estadual Liziane Bayer (PSB) protocolou projeto na Assembleia do RS que obriga as escolas públicas e privadas daquele estado a ensinarem o criacionismo nas aulas de ciências. Deu no Zero Hora (veja a reportagem aqui). A nobre deputada, pastora evangélica (surpresos?), veio com essa pérola - "A família gaúcha tem o direito de escolher
se descende de um macaco ou outro bicho, ou se foi criada por Deus".
Prezada Liziane, em primeiro lugar a espécie humana não descende dos macacos (feliz?). Os homens e os macacos descendem de uma outra espécie (o tal ancestral comum), já extinta. Outra coisa, a família gaúcha não pode escolher se descende ou não dessa espécie visto que isso é uma FATO. O máximo que a família gaúcha pode fazer é ignorar esse FATO, algo que os seus eleitores provavelmente optaram por fazer ao elegê-la.
Mas calma....as más notícias não acabaram. A reportagem mostra a declaração do Sr. Bruno Eizerik, presidente do Sindicato do Ensino Privado do RS, que considerou o projeto um exagero mas...."Defendemos que sejam apresentadas para os alunos, em qualquer
disciplina, todas as versões aceitas dos fatos. Não podemos ter uma
escola única, com uma única verdade. Se nós concordamos ou não com o
criacionismo, é outra questão. Se não tem aula de religião e o professor
de ciências não trata desse assunto, fica devendo uma teoria, com a
qual se pode concordar ou não". Versão aceita dos fatos? E o cara representa um conjunto de instituições educadoras. Se o tal Sindicato for uma instituição séria o Sr. Bruno vai estar procurando um outro emprego amanhã.
Felizmente o Zero Hora trouxe um pouco de luz ao assunto ao publicar a opinião do Prof. Fernando Becker da UFRGS: "[O criacionismo] É baseado em crença, não em evidência. Um total contrassenso, vai contra
qualquer sentido científico. A escola tem por função trazer o
conhecimento à população que de outra forma não teria como chegar aos
resultados da ciência. É afronta à escola".
Venho tocando nesse ponto há tempos: o movimento criacionista começa a se movimentar de forma mais sistemática nos fóruns legislativos. Cabe aos cientistas, educadores e à parcela da população mais bem informada reagir.
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