Em meados de 2011 aceitei participar de um debate com Marcos Eberlin na USP sobre o debate evolucionismo/criacionismo. Para quem não o conhece, Eberlin é um dos principais pesquisadores brasileiros na área de espectometria de massa com um vasto currículo. Na época um defensor árduo da teoria do design inteligente, Eberlin disse um monte de bobagens, algo esperado de alguém que se propõe a defender com argumentos científicos uma ideia pseudocientífica. Mas naquela ocasião ele evitou a todo custo expor uma motivação religiosa para o seu embate com o evolucionismo. Como quase todos os criacionistas do design inteligente, Eberlin usou um discurso dito "científico" argumentando que a teoria do design inteligente é uma proposta científica que se contrapõe ao evolucionismo.
De lá para cá Eberlin assumiu um lado criacionista radical. Em 2012 deu uma entrevista no mínimo polêmica ao Estadão onde assumiu de vez um criacionismo mais extremo, beirando uma interpretação literal da Bíblia. Várias outras manifestações públicas se seguiram onde o radicalismo foi aumentando. Em 2014 deu outras declarações radicais à Folha.
Passeando pelo YouTube encontro uma palestra dele intitulada "Noé, a Arca, os Dinossauros e o Dilúvio: Fato ou Boato?". O link para a palestra está aqui. Parece piada. Custei a acreditar no que vi e ouvi. A parte onde ele argumenta sobre como os dinossauros caberiam na arca é tragicômica culminando com a sua crença que o monstro do lago Ness existe, segundo ele "o último dinossauro".
Se Eberlin quer passar vergonha dando palestras com esse teor, o problema é dele. Inaceitável é que ele use as suas credenciais científicas em uma tentativa de dar credibilidade às besteiras que fala.
A História nos mostra que o argumento da autoridade é perigoso. Eberlin faz um desserviço ao país e à Ciência que ele diz tanto amar.