domingo, 1 de junho de 2014

cientista ou gestor?

   Os cientistas americanos passam em média 42% do seu tempo em atividades administrativas relacionadas aos seus auxílios de pesquisa. É muito tempo!! No Brasil desconheço qualquer estudo que tenha estimado o tempo gasto por nossos pesquisadores em atividades administrativas. Deve ser menor que os 42% dos EUA mas não muito menos visto que aqui fazemos atividades que lá são feitas por administradores e/ou secretárias das instituições. Além do mais. aqui gastamos muito mais tempo dando aula (assunto que irei abordar em outro post futuro). Pois bem, o National Science Board (NSB) publicou uma série de recomendações para diminuir o impacto dessas atividades administrativas na produtividade de um pesquisador americano. Elas são:

1. Diminuir os requisitos para aplicação de auxílios deixando apenas aqueles que permitam uma avaliação do mérito técnico/científico da proposta. No Brasil, estamos bem em relação a isso. As submissões de propostas são relativamente simples e feitas pela internet. Há exceções mas a regra é bastante positiva.

2. Simplicar os relatórios anuais. No Brasil, novamente, estamos bem. Muitas vezes os relatórios são exigidos apenas no final do auxílio.

3. Tornar os diretores das agências de fomento mais acessíveis às demandas da comunidade científica. No Brasil, a maioria dos gestores são cientistas ou ex-cientistas (o que aliás acho um erro, deveriam ser administradores) e por isso mais acessíveis à comunidade.

4. Desenvolver um sistema mais eficiente para submissão dos relatórios. Estamos bem no Brasil como discutido acima.

5. Facilitar a aprovação de estudos envolvendo humanos. Estudos que envolvem humanos precisam ser aprovados por vários comitês, tanto nos EUA quanto aqui. O NSB propõe que a aprovação em apenas um deles seja suficiente e que estudos envolvendo riscos pequenos tenham menos burocracia. Algo assim seria muito útil por aqui.

6. Diminuir as exigências em relação aos estudos com animais. De maneira geral, no mundo todo, tem havido um aumento considerável nas exigências para aprovação de estudos envolvendo animais. Embora tal regulação seja importante, o relatório do NSB argumenta que há de certa forma um exagero e que o processo como um todo poderia ser simplificado sem a perda da capacidade regulatória.

7. Reavaliar os requisitos relacionados à segurança. Muitos desses requisitos são importantes em um ambiente industrial mas são de certa forma exagerados em um ambiente acadêmico.

8. Uniformizar o sistema de submissão de propostas entre as diferentes agências de fomento. Isso seria bastante útil no Brasil.

9. Diminuir as exigências dos auditores. Muitas vezes o sistema de auditoria trata com o mesmo rigor burocrático gastos de proporções diferentes. O NSB sugere que para os gastos de menor porte, a auditoria seja mais simples. No Brasil, como há uma maior restrição quanto aos gastos o processo de auditoria torna-se mais simples. Aqui também, o processo de submissão dos relatórios financeiros é relativamente simples, o que facilita todo o processo. Há também diferenças entre as agências de financiamento e mesmo entre os tipos de auxílio. Algumas agências de financiamento no Brasil são reconhecidamente mais burocráticas no processo de auditoria.

10. Encorajar as instituições a diminuírem a burocracia local. No Brasil, na maioria das vezes, o pesquisador interage diretamente com as agências de fomento. O contrato inclusive é na maioria dos casos feito sob o CPF do pesquisador e não o CNPJ da instituição. Um maior envolvimento das instituições seria muito importante no Brasil para diminuir o tempo gasto pelos pesquisadores com atividades administrativas.

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