Uma audiência pública na CTNBio no início de Setembro foi mais um passo na discussão sobre a liberação do eucalipto transgênico. O pedido de liberação foi feito pela FuturaGene, empresa de biotecnologia comprada pela Suzano Papel e Celulose em 2010. O eucalipto transgênico é mais alto e largo gerando um aumento de produtividade em torno de 20%. A FuturaGene já vem há quase dez anos fazendo testes de campo com o eucalipto transgênico e uma possível decisão favorável da CTNBio terá implicações não só no Brasil mas também em outras partes do globo, como discutido em uma nota publicada na revista Nature de 28 de Agosto. Seria a primeira árvore transgênica liberada para o plantio comercial.
A discussão, como quase tudo que refere-se aos transgênicos, é na maioria das vezes passional. Em várias oportunidades, eu já me manifestei favoravelmente aos transgênicos. A minha opinião é baseada em alguns pontos: i) a literatura científica, pelo menos até agora, dá suporte à utilização dos transgênicos, ii) alimentos transgênicos já vem sendo usados há décadas sem qualquer problema aparente e iii) a necessidade de alimentar uma população de 7 bilhões de pessoas praticamente exige a utilização dos transgênicos para melhor a produtividades dos alimentos. Este último ponto foi brilhantemente discutido por Matt Ridley no seu "The Rational Optimist". Ridley menciona alguns cálculos do economista indiano Indur Goklany, o qual estimou que se mantido a produtividade de grãos de 1961, precisaríamos no final do século 20 de mais 4 bilhões de hectares para alimentar a população mundial. Isso é quase o tamanho da América do Sul, ou seja a floresta amazônica já teria "ido pro saco" se mantivéssemos a produtividade de 1961.
Apesar desse meu posicionamento favorável sobre transgênicos, prefiro esperar para me posicionar sobre o eucalipto transgênico. O meu problema é que ninguém come eucalipto (pelo menos que eu saiba). Se um aumento de 20% de produtividade for usado exclusivamente para aumentar o lucro das companhias de celulose, estou fora. Se um aumento de produtividade de 20% representar 20% a menos de área plantada (associado a um plano de reflorestamento, por exemplo), então estou dentro.
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